O vento invade pela janela, junto com as notas das canções. Posso ouvir daqui o burburinho do movimento das pessoas e vejo o zigue-zague estonteante, com os mesmos rostos, caminhando na única rua, sem direção. Estou em meu quarto, aquele sórdido e vazio, em que num canto está assentada, sombria e vacilantemente, a solidão. Imagino a cena que já não faço parte, de repente as coisas mudam e o que sinto é o sentimento de repulsa por essas atitudes, sobrepondo o desejo de estar no meio daquelas pessoas. Eu queria me sentir alguém normal, que fecha os olhos para as circunstâncias e é capaz de se divertir, zombar da vida com sorrisos enferrujados nos lábios, mas não, essa não sou eu! E não conseguiria fingir sarcasticamente que seria isso que preencheria meu vazio. De repente, silêncio... Detenho-me por alguns minutos (ou seriam horas?) em meu livro, especialmente em uma frase “depois de desvendar uma ilusão de óptica, você nunca mais deixará de vê-la”. O impacto dessa frase é imediato e irr...