Pela Janela
De repente, não mais que de repente... as palavras aos poucos surgem na memória como pensamentos desconexos. Eu me pergunto sobre a direção do vento, sobre a ausência do luar, não quero pensar em nada que me faça sentir, mas é inevitável desviar por tanto tempo o olhar... Não há estrelas nessa noite fria, de outono... Eu gosto do outono, é a estação mais sombria e perversa, carregada de devaneios insondáveis. As pessoas ficam tensas na expectativa do inverno e eu, particularmente, me divirto com a nudez dos jardins, como se as flores estivessem em um apelo silencioso e quieto pela atenção que há muito não recebem. Os parques ficam mais convidativos, não sei dizer ao certo se pela ausência de pessoas ou simplesmente porque a beleza mórbida das folhas secas dançando no vento me fascinam. Mas é "de noite que tudo faz sentido", gosto das noites frias e mergulhadas na ausência. E me sinto relativamente bem quando somente as fotografias me fazem companhia. Posso ouvir o som da cid...