A Vida Se Repete
As luzes da cidade se apagaram com a tempestade, chove forte lá fora e as pancadas da goteira na janela me convidam a um passeio. Meus movimentos ainda não estão “lá essas coisas”, mas consigo ter o controle do carro. Uma canção começa a cantarolar ao fundo, bem baixinho, falando de um amor impossível... porque as canções falam de amores surreais?
Dirijo pelas ruas desertas, são quase duas da manha e o silêncio é cativante. A tempestade deixa a cidade mais bonita e mais calma. Os pensamentos atormentam junto com as notas das canções, vago sem rumo entre as enxurradas, procurando não saber... No fundo eu já sabia onde meu coração queria ir, mas os abismos até lá são grandes de mais para transpassá-los, sozinha... Eu me rendo e deixo que minhas mãos guiem o carro sem pensar, não estou perdida, apenas procuro não saber para onde estou indo. Paro o carro diante dos portões...
Fico por algum tempo apenas “relembrando”... a última vez que estive aqui eu quase não acreditei, e... faz algum tempo. As vozes nas sinfonias falam do que eu não queria ouvir, primeiro eu intento em “reviver” alguns momentos que acreditei que seriam eternos, pensar nisso me leva há um desespero quieto, não me perdôo por entregar meu coração tão depressa, eu me rendi há um sorriso, apenas um sorriso bastou para me conquistar e me elevar há um amor incondicional... Há muito tinha me esquecido o que era amar e, eu tinha jurado que isso não aconteceria de novo... Como fui ingênua em acreditar que seria para sempre, porque fiz isso comigo se tudo o que precisava era manter meu coração frio e distante, teria sido tão mais simples se fosse apenas mais uma diversão... Me arrependo de me perder naquele sorriso, tão meigo... Agora meu coração sangra minhas poesias, deixando o gosto urze na boca e palavras sem sentido nas páginas em branco. E cada dia a saudade flecha minha alma levando-a há uma morte lenta e dolorosa... eu me perdi num amor irreal que aconteceu somente em minha cabeça... e não sei mais como voltar ao primeiro estágio, onde todas as coisas eram simples e irrelevantes. Não faz mais sentido tentar...
As canções ainda continuam, mas eu pego um cd antigo dentro do porta luvas. Nossa! Ainda existem essas notas calmas? E... Ainda existem as mesmas histórias que cada faixa desse trabalho marcou em mim. Chove lá fora e eu continuo parada diante dos grandes portões. Algo dentro de mim me diz “sua burra, ele não está aí...”, mas eu sei que é o ultimo lugar que consigo senti-lo mais próximo, porque o que ficou, além das fotos e lembranças, sim... Estão aí... Com os vidros fechados não posso sentir o vento que sopra enfurecido, mas vejo que as folhas das árvores que ainda restam, lutam para sobreviver a essa violência. Os relâmpagos revelam o que há em volta, quando desenham seus caminhos desafiando a escuridão. Eu desço do carro e sujo meus pés (descalços) na lama... Em poucos minutos estou completamente ensopada da chuva, que está forte... Meus olhos se acostumam com a escuridão, mantenho-os fechados enquanto eu pulo o muro e caminho firme em minha direção. Sei exatamente aonde ir e sei que o que eu gostaria de encontrar não está mais ali... Me aproximo com lágrimas nos olhos ao lembrar que nem foi tanto tempo assim, ainda posso sentir o desespero de vê-lo inerte aos meus chamados, quando de joelhos ao lado do seu corpo (já sem vida) eu o chamava em desespero. Eu fecho os olhos com mais força, a chuva está doendo em meu corpo, ou será as lembranças que são amargas de mais? Me lembro dos olhos semi abertos me implorando por “socorro” sem dizer uma palavra. Sinto o gosto de sangue na minha boca, minhas roupas manchadas por tentar abraçá-lo... Sinto o desespero que me arrebata e me leva de volta a cena, sinto a vida que flui de mim me abandonando em um baque surdo no chão...
Meus joelhos estão doendo, fiquei ali por mais algum tempo, até que a dor consumisse toda a minha razão. Não há mais nada a fazer, me jogo no chão e ouço as últimas notas da canção “dorme agora... é só o vento lá fora”...
Foi isso que aconteceu?
ResponderExcluirPanda,
ResponderExcluirfoi isso sim que aconteceu.
Viu, é a Juh do msn... da comu T&D... é q eu não consegui mudar o nome...
ResponderExcluirDesculpa perguntar, não precisa responder se não quiser... mas o q aconteceu? se quiser, deixa por e-mail, tá?
BJuz...