Contra-corrente
Eu sinto em meu corpo uma brisa fria, mas o dia está quente la fora. Há algumas estrelas solitárias no céu escuro sem a presença da lua. Sinto um cheiro entrar pela janela do quarto, é doce. No geral, faz silêncio, mas se eu me concentrar eu ouço os ruídos da vida que segue seu fluxo, la fora. Eu não faço mais parte. Minha pele cheira a sabonete, no meu recanto só há a penumbra e um vazio tão intenso que incomoda. Eu fecho os olhos, puxo o ar... quero que as palavras fluam mais uma vez e encontre o mais profundo abismo dentro de mim, trazendo essa dor que insiste em incomodar. Me pergunto o sentido de permanecer distante da vida lá fora. Me questiono o motivo de não me aproximar. Quando olho, parece que já faz alguns anos que deixei os remos e não controlo mais o rumo que eu sigo. Já faz algum tempo que me alimento dessa letargia e de pílulas para dormir que me causam insônia. Já faz algum tempo que estou perdida e caminhando sozinha. Eu não encontro as respostas, mas também não sei