Adeus

As lágrimas caem...
O dia sangra as lembranças,
pouco a pouco
se embriagando da solidez do silêncio.
O cheiro de nostalgia emana da terra
efervescendo os cantos ermos da cidade deserta.
Vozes obstinadas se turvam nos ecos e escombros perdidos
delírios incultos nas memórias atordoadas...
Não há mais beleza nessa estrada
e os passos lentos se desviam pelos caminhos sórdidos.
O vazio é predominante de palavras sem sentido
deixando o cheiro de morte
e o gosto lúgubre na garganta
repetindo os murmúrios de letras tristes
das mesmas canções.
E é solidão o que fica
quando os estrondos da tempestade avançam impetuosamente
arrancando a leveza dos poemas.
Não há mais harmonia entre ação e sentimento
os vultos escuros liberam o medo
que consome pesando o ar nos pulmões.
Desvirtuo razões por momentos que não voltam
enquanto as mãos tecem histórias incompletas
páginas inteiras de rabiscos sem sentido
com verdades incontidas
e planos frustrados
misturando todas as notas na sinfonia
numa orquestra de desejos, sonhos e lembranças...
E o que ficou desses ensaios
foram apenas letras frias e tensas
umas cantando saudade,
e outras dizendo adeus.

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