O Clone de Cristo - J R Lankford
Um microbiologista
viaja até o Vaticano e tem a chance, única chance, de coletar alguns fios do Sudário,
com o DNA de Cristo. A história tinha tudo pra ser um belo relato de ficção
científica, pense: o tão esperado retorno de Messias... mas, apesar do livro
chamar “O clone de Cristo” ele conta a história de Mary, uma empregada enxerida
e bisbilhoteira que se mete nos negócios de Félix, o microbiologista, e
conquista o direito de ser a mãe de aluguel do clone.
Se
não bastasse a mulher chamar “Maria” ela era virgem, aos 34 anos, insegura,
problemática e intrometida (onde foi que já vi isso antes). O autor forçou a
barra e foi infeliz. Assim como foi infeliz em criar Sam Duffy, o galã mafioso
que tinha por disfarce a profissão de porteiro, tinha todas as garotas aos seus
pés e ganhava muito dinheiro trabalhando paro o senhor (como é mesmo o nome
dele?) do décimo segundo andar. Só que Sam é apaixonado por Mary, que até então
a única qualidade era ser uma Cristã fútil que gastava todo o seu dinheiro em
um chapéu para exibir na igreja, e larga tudo, o emprego, as garotas e o crime,
para viver ao lado da virgem Maria, que faz “cu doce” até o último instante.
A
história e suas oito páginas relatando o fato de Mary sentir um desejo
repentino por azeitonas é chata, forçada e sem embasamento. O relato científico
da criação do clone foi a parte mais interessante, embora, que Dolly o diga,
sem nenhum fundamento. E a motivação do doutor também não foi nada convincente.
Imagine se todos os judeus italianos que perderam os pais na guerra fosse
clonar alguém?
Na
história também há France, outra songa-monga, porém patricinha, que não
concorda com a história, mesmo assim apoia o irmão e a empregada em tudo.
France é a típica coadjuvante sem sentido que não faria falta alguma se não
existisse. Ela não faz nada relevante, não significa nada, além de ser aquela
pessoa que, a cada cinco minutos, diz “eu te avisei”. E também há o Jeremy, o
jornalista psicopata que, desde que encontrou Félix no aeroporto, faz de tudo
para descobrir que ele está clonando o próprio Cristo. Vaza isso na internet e
causa o movimento das azeitonas (que original) em favor da clonagem messiânica.
Pausa
para um parêntese, como uma pessoa que se diz Cristã, segue as regras do protestantismo
e do catolicismo, pode concordar com a ideia da vinda de Cristo ser através de
um clone? É o desespero causado pela religiosidade ou somente um fanatismo que,
não importa os meios, desde que consiga a chance de ser inconveniente... fecha
parêntese.
Durante
os nove meses da gravidez de Mary (que nos faz levar quase nove meses de
leitura) a história se arrasta pela tentativa de Félix de a proteger, de Sam de
a conquistar e dela mesma ser uma pessoa rebelde. Que acha o movimento fascista
pró clonagem de Jesus lindo e começa a apoiar a causa, fazendo tudo que Félix e
Sam pedem para não fazer. Até colocar a vida de todos eles em risco.
A
história foi escrita por J. R. Lankford, uma escritora norte americana que
gosta de escrever sobre Jesus e publicada pela editora Saída de Emergência. Apesar
as 384 páginas, o livro não termina, deixa grande e irritante (essa é a palavra
que define essa história) ponto de interrogação no final, talvez para gerar um
marketing apelativo do segundo livro. O
tema é interessante e poderia ter dado uma boa história, mas quem pretende ler
algo sobre ‘O Clone’ de Cristo, procure em outro lugar, o livro deveria chamar,
no mínimo, ‘A mãe do clone de Cristo’. A sensação que tive, lendo-o, é que comprei um livro e veio outro - Não recomendo.
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