Sonhos
Eu fecho os olhos e permaneço em silêncio enquanto a brisa sopra sobre mim e envolvo meus pensamentos nas estrelas mais claras, faz uma tarde fria hoje. Eu ouço minhas canções, enquanto perco meus pensamentos nas imagens da janela do meu quarto sórdido. Essas canções me lembram um momento que nem sei por que insiste em ficar. Ainda tenho esperança, mas acho que é hora de partir. Cada acorde tem a sinfonia do olhar que prefiro esquecer, cada tom tem o sabor do desejo que arde cegamente em meu corpo, a melodia sussurra o beijo o ensejo... eu quero fugir dessa saudade no peito, mas minha solidão me leva ao mesmo lugar. E meu corpo ainda trás as marcas e tem sede de seguir, mas nem tudo é mesmo assim, não é fácil viver com um cemitério de culpa na memória. E, não é culpa por me entregar ao desconhecido que incendeia e arde as virtudes, mas por insistir em seguir sozinha por um caminho que deve ser trilhado a dois.
Olho a vida lá fora e vejo os segundos perdidos no tempo, a voz incerta chama por um nome que não responde, são só lembranças que se esquiva de mim, e foi por tão pouco tempo que me pareceu eterno, sonhei de mais com uma história sem fim e me esqueci que mesmo os finais felizes das princesas e fadas, terminam sem sentido. Abro os olhos e contemplo um luar sombrio. Intento as recordações que se misturam dentro de mim, é tão real que posso sentir o gosto dos lábios, levemente sobre mim. O sabor das mãos me tocando com cuidado, descobrindo os mistérios que me levou até ali, o perfume impregnado no ar fechado, único e egoísta. Sinto quando os olhos se fecham para viver a magia que domina e eleva os pensamentos há um só lugar, secreto, que somente meu próprio instinto pode chegar. Me entrego. Não há mais com o que lutar se a mente e o corpo conspiram instintivamente para aquele ápice perfeito. Sinto na brisa fria da noite que surge ameaçadora, o aroma dos corpos suados, enlaçados na vereda de uma paixão que queimam sólida e permanente em cada movimento ensaiado, esperado com veemência e insensatez. E mais uma vez posso sentir a freqüência dessa loucura que aprisiona nos laços do imperfeito, do cobiçado, da ânsia que apavora e adormece cada som de mim mesma.
Ainda estou deitada sob a janela, no chão silencioso e frio e com as canções que tem o som da voz desconhecida que habita em mim. Meus olhos vagantes já não encontram o horizonte, porque se perde na distância, na ausência que permanece vazia inculcada entre os mesmos corpos que se perderam no desespero de uma paixão “proibida”. E minha voz sussurra a lenda que sobrou de uma história por acontecer, que se perdeu, antes mesmo de se tornar real. O silêncio é mais profano que as razões que inundam meus olhos de saudade e desilusão, porque a pior parte de desistir de um sonho é que sempre fica a sensação que se poderia tentar um pouco mais!
Suas palavras tem uma força incrível...diria eu inenarrável...
ResponderExcluirAmei seu blog, suas postagens...
Agora sou seguidor e irei bailar por entre seus ecritos por muito e muito tempo...
Parabéns.
Carlos Falcão