Como um ruflar de asas
É estranho como o tempo e as coisas mudam... ou nem tão estranho assim. Já é agosto e eu nem vi. A sensação é que os dias estão passando, se acumulando junto as tarefas mal acabadas dando a falsa ideia de estar fazendo algo.Mas a verdade é que não estamos. Não estamos sequer vivendo.
Já é agosto e, pela primeira vez em anos, eu não vi um ipê florir. Será que finalmente estou te deixando partir? E o que eu faço com esse vazio que permanece... permanece em cada respirar, em cada olhar.
O céu azul, tingido do amarelo quente do fim do inverno me lembra seus olhos. Eu sei... eu sei... seus olhos não eram azuis, mas havia tanta luz que iluminava minha vida inteira. Por anos eu me guiei por seu olhar e agora, é só escuridão e morte. Uma morte que vem de dentro e leva tudo a sua volta, porque sejamos sinceros... nada mais fez sentido. Nada mais foi como antes. Nada mais...
Já é agosto. Os ipês já floriram e agora vão indo... pétala a pétala como um ruflar de asas em um céu azul que me lembra seus olhos. Eu não preciso ver as flores. Eu posso imaginar! Elas estão em todos os lugares com seu cheiro, com seu sorriso, com sua presença... Eu posso mergulhar nesse mar vazio, dentro de mim... e posso mergulhar tão fundo que o ar começa a faltar e, eu ainda encontro você. Naquelas notas das canções que a gente cantava junto... naquelas que você não chegou ouvir, nas que virão.
Não, eu não estou deixando você ir porque eu não posso viver sem você. Sem sua presença, ainda que seja só ausência. Eu não posso! Eu não preciso de artefatos para trazer você, você está em tudo. Está em cada um dos meus pensamentos, está na minha pele e arde... arde como as notas daquelas canções...
Em dias de agosto, com céus irritantemente azuis, que me lembram seus olhos... eu só quero desistir. Desistir de continuar uma caminhada sem sentido em busca de algo que não sei como encontrar. Na verdade eu sequer sei o que estou procurando, apenas encher um copo que permanece vazio... vazio... sempre... sem você... Como se cada segundo no tempo existisse para me lembrar que nada é como deveria ter sido. Como se cada respirar existisse para refletir o vazio. E as vezes, quase sempre, é o nada que dói mais... quando se torna mais fácil dizer que "não é nada" ou que "está tudo bem"... quando se torna mais simples dizer "sim" quando se quer dizer "não"...
Oi, há muito que não escrevo. Só vi teu comentário hoje por acaso.
ResponderExcluirAntigamente eu recebia no e-mail um aviso de comentário novo.
Hoje até isto economizam.
Adorei a visita.
Quanto ao teu texto só te digo: Desistir nunca.
A dor é temporária a desistência é eterna.
Beijos