Armadilhas do Linkedin na busca de emprego
Estamos vivendo uma era que beira
o desespero. Segundo o IBGE, ao findar julho deste ano, havia 26.5 milhões de
pessoas desempregadas no país. Embora, ainda segundo o órgão, esse número tenha
caído em relação ao mesmo período de 2016, a pesquisa mostrou que a qualidade
de vida dos empregados atuais também caiu. Isso me faz pensar e, até mesmo,
entender algumas reações que tenho observado continuamente.
Como usuária ativa e adepta da
plataforma Linkedin, percebi que no último ano a quantidade de postagens na
rede aumentou muito, mas, infelizmente em contrapartida, a qualidade diminuiu exponencialmente.
Hoje observo o quanto as pessoas são capazes de aproveitar da ‘desgraça’
alheia para conseguir seus 15 minutos de fama. Óbvio, não cabe generalizações
aqui. Algumas pessoas realmente tem o intuito de ajudar o próximo, contar
experiências e compartilhar conhecimento, mas alguns nomes que surgiram
atualmente já mostraram suas “garrinhas” depois de um ou dois meses de
postagens periódicas, tornando-se um guru de carreira, ou algo assim. E são exatamente
sobre esses que me refiro.
Cito o Linkedin porque é o que
está no ‘auge’. A maioria das pessoas que procuram uma recolocação no mercado
de trabalho tem criado o seu perfil na rede social, conectado a pessoas e
exibindo seu currículo de forma pública. Excelente! A ideia é essa mesmo.
Vender seu peixe, se colocar em uma vitrine e ser visto pelo máximo de pessoas
possíveis. O problema é que no meio de todo trigo tem joios e os joios estão
presente por lá também.
Se você usa o Linkedin e não se
deparou com os termos: TopVoicer, HeadHunter, Coaching de Carreira, Acelerador
de Recolocação, Revisor de Currículo, Webinar ... e por aí vai... você não está
usando a ferramenta com frequência. Cada dia percebo que mais pessoas estão
alterando seus títulos e colocando esses rótulos por um único motivo: as
pessoas estão procurando. O problema é que, no meio de profissionais decentes e
que entende realmente do assunto, tem surgido muitos e muitos charlatões que
usam de um momento de fragilidade para extorquir do outro. E não, não é
exagero. Já vi pessoas cobrarem um “valor simbólico” para simplesmente compartilhar
o perfil de um candidato em sua rede ou para recomendar aquele candidato em
alguma especialidade. Já vi pessoas começarem publicações inocentemente e
depois passarem a cobrar pelas “dicas valiosas que irá te recolocar
imediatamente”. Já vi pessoas cobrar por “10 passos para alavancar sua carreira”
ou “10 erros que você comete em uma entrevista” (esse povo tem um certo fetiche
com passos e top 10 que foge da minha capacidade de entender). Há também, e
muito, “fake News” relatando casos de sucesso em que uma pessoa (ou assessorado,
como gostam de referir) conseguiu a tão sonhada recolocação.
O que me choca é essa capacidade
de se aproveitar dos outros. Não há empatia. Só querem causar um impacto e
angariar seguidores e likes para, mais a frente, vender algum serviço que, em
muitas vezes, não é apto a executar. Me choca porque uma rede social
profissional que tem todo o potencial de se tornar um meio eficiente de busca
de emprego e pesquisa de mercado, tem se tornando um campo de batalha, uma
disputa para ver quem impacta mais, quem tem o perfil mais visitado, etc...
etc... estão tratando os outros, os desempregados que correm e lutam para não
perder a esperança de que “sua vaga irá chegar”, como mercadoria a ser
disputada, iludindo, mentindo e levando a atitudes desesperadas para conseguir
seu objetivo mais rápido.
Infelizmente, não existe atalhos.
A busca por uma recolocação no mercado de trabalho, principalmente em uma época
de recessão e instabilidade política, é cansativa e maçante. É preciso fazer as
mesmas coisas dia após dia. É preciso ouvir vários “não” e, muitas vezes, não
ouvir nada. É preciso ter persistência e foco. Foco! Não pense que um Coaching
ou um revisor de currículo vai fazer com que economize alguns passos. Algumas dicas
são sim valiosas, mas o trabalho tem que ser seu. Você precisa estabelecer uma
meta, se especializar, enviar seus currículos, fazer seu network. Você precisa
correr atrás e fugir desses charlatões que só querem seu (pouco) dinheiro,
vendendo promessas falsas e minando sua proatividade em caminhar com as próprias
pernas. Se precisar de uma ajuda, procure os profissionais. Procure uma agência
especializada nisso, que vai lhe dar garantia de sucesso. Não deixe que as más
intenções disfarçadas de ajuda o paralise, porque você desempregado é um “cliente em
potencial” para eles.
Fonte da pesquisa IBGE: http://encurtador.com.br/iuxNY
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