Sobre vizinhos inconvenientes, promessas de ano novo e eleições municipais
Oito horas da manhã, primeiro sábado do ano, e uma música sertaneja entrando pela janela, aos berros. E eu odeio sertanejo... quem não tem um vizinho inconveniente que atire a primeira pedra. Assim segue meu final de semana, lutando com meus instintos e, algumas vezes, imaginando de várias formas como um acidente no quinto andar mudaria tudo... é, eu ainda não quis matar o cara, mas até consideraria crer em uns exu's da vida se aquela caixa de som explodisse misteriosamente.
Penso que sempre há alguém que nos incomoda, de uma forma ou de outra. Assim como, com certeza, incomodamos alguém, mas algumas pessoas simplesmente passam dos limites. Poxa! Eu nem gosto de sertanejo... O vizinho acorda cedo e liga o som em um condomínio com cerca de setenta famílias, quanta gente ele não incomoda? E, não sei se por personalidade ou por ser um cara chato mesmo, ele nem se toca que o volume não está só alto, está gritante, além de, a maioria das coisas que ele ouve, não deveria ser ouvidas por crianças (nem por ninguém). Para minimizar fechamos as janelas abafando o som do lado de fora e o clima do lado de dentro.
Assim como meu vizinho, há milhares de pessoas inconvenientes que não respeitam o espaço dos outros. Acontece o tempo todo, nos condomínios, no supermercado, nos ônibus, no trânsito...Todo mundo quer o seu direito respeitado, mas a coisa toda muda quando se trata dos direitos dos outros. Poucos são os que se colocam na pele do outro e toma atitudes pensando nisso. E isso não é hipocrisia? É sim! Como diz aquele velho ditado: "Não faça com os outros o que você não quer que seja feito com você". Já pensou como a vida seria noventa por cento mais simples se colocássemos em prática, um, apenas um ditado popular? Seria lindo, mas a realidade é bem diferente.
Na última semana meu Facebook está povoado de mensagens, felicitações e promessas para o novo ano. 2016! Quem diria... todos querem um novo ano, com novas conquistas, com novos resultados, mas foram bem poucos os que vi querer mudar de atitude. Bem poucos mesmo. Como esperar resultados diferentes se os caminhos são os mesmos? Não é um pouco retórico isso? Quando é que nós, seres humanos vamos perceber que o problema é todo nosso e que fingir o contrário não muda nada?
2015 foi um ano tenso para nosso país. Crise econômica, escândalos políticos, desastres, crimes, mais crise econômica... a maioria das pessoas passou por isso tentando achar um culpado. Falando mal deste ou daquele, mas na primeira oportunidade, ficou com o troco errado do trocador que confundiu a nota de vinte com a de cinquenta. Fingiu que estava dormindo pra não dar lugar à senhora com a criança no colo. Na primeira oportunidade espalhou mentiras sobre uma figura pública sem checar as fontes, compartilhou um vídeo exibindo a vida íntima de alguém ou ficou fazendo trabalho de faculdade no horário de serviço... não sei quem nos deu o direito de julgar uma pessoa, seja ela quem for, se não estamos idôneos em nossas próprias atitudes. "Ah, mas eu não prejudiquei ninguém"... é a desculpa mais fajuta que já ouvi. As pessoas por si só são inconvenientes, de uma forma ou de outra, assim como meu vizinho sem noção.
É claro que não estou generalizando. Não posso dizer por todo mundo e nem por alguém em específico. O que pontuo aqui é que não adianta querer mudar o mundo se não mudar a si próprio e que pequenas, as menores atitudes possíveis, já seria um bom começo para desmantelar essa corrente de ignorância, intolerância e inconveniência que tem dominado as pessoas. Informação não mata ninguém, porque as pessoas não entendem isso de uma vez e muda a direção dessa aniquilação em massa, agora pela mídia virtual?
Neste ano teremos eleições municipais, será que alguém se lembra disso? Estas ocorreram somente em outubro então, presumo que ainda dê tempo de conhecer as necessidades do seu bairro, da sua cidade. Da tempo de avaliar bem e com cautela os possíveis candidatos e começar, no marco zero a mudar a história política dessa nação, pois é evidente que o país inteiro precisa de mudança. Ninguém aguenta mais ser explorado, pagar altos impostos, trabalhar várias horas por dia sem valorização. Ninguém aguenta mais viver no limite da pobreza enquanto somos roubados descaradamente. Que essas eleições seja o ponto de partida para um novo começo e uma nova forma de mostrar a indignação e revolta com a corrupção porque, afinal de contas, postagens no Facebook sem fundamentos não muda nada.
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