Me diz

E agora, poeta, o que eis de fazer?
Se esgotei todo meu estoque de esperança tentando sobreviver ao antigo amor?
Me entregando a devaneios pra fugir da dor?
Cante pra mim, com tua doce voz!
Já que as cordas que me pendiam eu arranquei, com meus próprios dentes.
E não há aquelas mãos imaginárias manipulando a dança...
O que eu faço agora se, mesmo assim, insiste esse desespero?
Misturado com a revolta de ter perdido tanto tempo..
E nem adianta gritar porque não há ninguém acima de mim que possa me ouvir.
Me diga o que eu faço com essa dor que esgoela dentro do peito,
em tons agudos e tão cinzas que chegam a dar medo
e esse desejo infame de saciar meu desespero
com o sangue do maldito que colheu mais uma flor do meu jardim?

Comentários

  1. Gostei! Belo e sentido poema. Parabéns!

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  2. Olá Marcela, espero que seu estoque não se tenha esgotado e continue a dar-nos essas lindas poesias, encontrei desespero melancolia e aflição, mas gostei bem trabalhada, um pouco triste, mas boa.
    ...colheu mais uma flor do meu jardim?
    Planta que com carinho a criei.
    Pergunto porque fez isso? eu não sei!
    Pois ela era preciosa para mim.
    Tudo de bom para si.
    Abraço.

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    Respostas
    1. Então não sabes o que causa minha dor?
      já perdeste em sua vida seus amores
      e viste despedaçadas todas as flores
      que com cuidado por anos cultivou?

      Amores não destes enlevados por paixão
      que erguem-se em meio a realidades vertentes
      nem destes que as razões fazem-se ausentes
      mas um amor real por meu irmão.

      E há alguns dias minha flor fôra colhida
      levada de mim, nessa inconsequência da vida
      deixando apenas o gosto na boca depois de um corte.

      Agora toda forma de esperança está tolhida
      deixando-me, por horizontes, perdida
      e enterrados meus sonhos, em seu leito de morte.

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