A mais pedida


Recentemente, em uma chamada do Google, eu li uma matéria falando sobre as músicas que o brasileiro tem ouvido. É evidente que não gostei. Segundo a matéria, pela primeira vez, nos últimos trinta anos, o rock não consta na listagem das mais pedidas dos brasileiros. A matéria não é muito segura, mas fiquei a pensar sobre isto. 

Desde que me entendo por gente existe a variação musical que há hoje, claro que inventaram mais algumas categorias, mas, principalmente no Brasil, a miscigenação musical sempre existiu. A própria música dita popular brasileira, embora com raízes no samba e bossa nova, é uma mistura de tons e acordes que tornaram um ritmo próprio. 

O que me entristece de fato é que a mídia divide a música em sucesso e não sucesso, considerando apenas "o que está na boca do povo". É irrelevante, eu diria, pois, para uma pesquisa que considera Black Sabbath como pop rock, já se percebe que quem a escreveu não sabe nada de música. O problema maior é dizer que o "rock tem a pior performance de todos os tempos". Isso chega a ser imbecilidade. 

Para que uma pesquisa seja efetiva é preciso considerar números válidos. Qualquer pessoa que tenha o mínimo de noção de estatística sabe disso, então é muito fácil dizer que "a" ou "b" é preferido se a pesquisa é direcionada especificamente há um público. É como as pesquisas eleitorais. Elas não são falsas, mas os candidatos direciona a pesquisa nas regiões que são mais fortes, o que faz com que cada um tenha resultados satisfatórios. 

Voltando à música. Há alguns anos atrás eu era super fã de ouvir rádio. Isso por volta de 1998/1999, antes da grande ascensão do tal hip hop. Os mineiros que curtem, com certeza lembram da época de glória da 98FM "a melhor do pop rock". Acontece que, iniciado a década de 2000, coincidentemente quando a Crowley começou a monitorar as estações de rádios e realizar suas pesquisas para obter tais conclusões, até as melhores rádios passaram a tocar os hits do momento, hip hop, baladinhas, Britney Spears e Lady Gaga (essas duas não se encaixam em nenhuma categoria musical) e Adele... convenhamos, quem gosta de rock NÃO vai ouvir isso de jeito nenhum, para uma vez ou outra ouvir uma música que preste. Nessa época também deu-se a ascensão da internet, os mp3 players e os ipods da vida... até os celulares mais simples passaram a tocar mp3 então, não há um só motivo para ouvir rádio e muito menos para pedir músicas, já que essa coisa de "paradas de sucesso" é pura ilusão. 

Já disse aqui que a música virou um simples meio comercial, perdendo a essência e tornando-se apenas um veículo da mídia. Principalmente no Brasil, em que nós aceitamos tudo que é dito pela mídia e engolimos a grandes garfadas qualquer porcaria sem reclamar, as rádios foram tomadas por um tsunami de arrochas, sertanejo universitário, pagodes, hip hop e o maldito funk. Não há nenhum critério, não há nenhuma seleção. Coloque uma mulher sem roupa ou um play boy com calça justa, faz um "tut tut tut" e no Brasil isso é música, e pior, os empresários e os anunciantes fazem isso tocar sem parar em qualquer rádio. 

Por outro lado, sinceramente quem já viu uma banda de rock (rock, não a porcaria de Jota Quest) em um comercial de TV ou no programa do Faustão ou no Fantástico? Lamentavelmente, o processo de emburrecimento coletivo que vive o Brasil dá margem para o surgimento de barbaridades como Naldo, Anita (Anita, Deus! Quer coisa mais escrota que esta mulher), Michel Teló, Paula Fernandes, Luan Santana e seus imitadores, o execrável “funk carioca” e mais um monte de outras porcarias. Isto sem contar as duplas sertanejas “dor de corno” e os pagodes xexelentos... É isto o que virou a música do Brasil nas rádios. Tudo financiado pelas “verbas de promoção”.

Não é surpresa essa pesquisa fraudulenta. Na verdade ela mostra a realidade por trás da aniquilação midiática. Música é como vinho, alguns sabem apreciar, possuem um paladar fino e reconhecem o gosto, o tom a suavidade, o aroma... outros se contentam com promoções de prateleira a R$9,99 e não passa de suco de uva com cachaça.

Comentários

  1. Olá, querida Marcela. Também li sobre isso e pensei: é o apocalipse zumbi. Depois dei uma lida no Blog do Régis Tadeu e ele explicou porque não devemos nos assustar e pensar que o rock já era. O link é esse: http://br.omg.yahoo.com/blogs/mira-regis/o-rock-sumiu-das-r%C3%A1dios-qual-surpresa-191029286.html

    Dá uma lida! Você vai gostar!

    Beijos!

    P.S: te add nos Hiper Cafeinados

    T.S. Frank

    www.cafequenteesherlock.blogspot.com

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  2. Olá te indiquei para um desafio,confira aqui:
    http://louquinhaporlivro.blogspot.com.br/2014/01/desafio-de-ferias-cinco-livros-ate-0502.html

    EmyLu- Louquinha por Livros

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  3. Isso é um tema de discussão que eu gosto, realmente não vejo mais motivos para ouvir rádio. Mas é ridiculo que as rádios nacionais não criem vergonha na cara e toquem música boa, como por exemplo, na Inglaterra há radios que tocam Arctic Monkeys e ainda existem bandas que gravam "Singles" para rádios. Aqui no Brasil as bandas gravam singles para o Youtube, por que depender de rádio tá foda.

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    1. pois eh.
      o pior que a mídia incentiva muito o sucesso de músicas porcarias. Por isso tem muitos músicos emergentes, que são bons e desistem pois não conseguem divulgar seu trabalho sozinho.

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