Porque o Funk Não Faz Minha Cabeça

Muitas pessoas acham pura arrogância um roqueiro se julgar intelectualmente melhor que um funkeiro. De fato, não é questão de arrogância, mas de estatísticas. Fiz o sacrilégio de pesquisar qual o funk mais ouvido do momento para comparar com o rock nacional também mais ouvido no momento.

As pesquisas foram feitas diretamente em comunidades e fóruns de funk em que 87% das pessoas perguntadas afirmaram que a música "Show das Poderosas - Anitta" é o hit da categoria mais ouvido, então desconsiderando o ritmo de "batidão" repetitivo, vamos a uma análise à letra da música:



Prepara que agora
É a hora do show das poderosas
Que descem e rebolam
Afrontam as fogosas são as que incomodam
Expulsam as invejosas
Que ficam de cara quando toca
Prepara

Se não tá mais à vontade, sai por onde tem
Quando começo a dançar eu te enlouqueço, eu sei
Meu exército é pesado e a gente tem poder
Ameaça coisa do tipo: Você

Vai! Solta o som, que é pra me ver dançando
Até você vai ficar babando
Pare o baile pra me ver dançando
Chama atenção à toa
Perde a linha, fica louca

Nos versos da música nos deparamos com uma mistura de rimas quentes (palavras forçadas a rimar, com a mesma terminação conjugal.) e rimas frias (palavras que rimam apenas pela fonética, com terminação conjugal diferentes). Os versos não possuem uma conexão contextual, virando uma salada de estilos literários e usando figuras de linguagem descontextualizadas e impróprias. A compositora quis dar um tom de poder à música, expressando soberania, mas se confundiu com os adjetivos, refutando as qualidades que atribuiu a si própria.
Outra tropeçada na linguagem está no segundo verso, em que a compositora usa do exagero linguístico descrevendo um exército para ameaçar apenas uma pessoa. 
No terceiro verso, ela já usa o substantivo "à toa" que em suma significa, "sem necessidade", portanto, a própria autora do texto expressa que a dança dela é sem necessidade... 
Gramaticalmente, o texto é ruim e mal escrito. Mas como música não é português, vamos à análise cultural. 
O texto todo é recalcado, feminista e inexpressivo. Faz menção ao poderio da beleza feminina, mas usa a vulgaridade para expressar isso, levando o contexto para uma sensualidade forçada e, como a própria cantora diz, desnecessária. 
Outro ponto interessante é o público. Vamos ser sinceros, embora toda regra tenha exceções (e dessa eu não conheço nenhuma) pessoas que curtem funk geralmente desprezam a cultura. Digo cultura realística, aquela que produz conhecimento. Geralmente funkeiros não leem (até porque se lessem não escreveriam tantas asneiras), não conhecem nada de história, de política e muito menos de matemática né... 

No próximo  post irei falar do porque o rock faz a minha cabeça.

Comentários

  1. Pq o funk não faz minha cabeça? Pq tenho bom gosto.

    Mas tb devemos admitir q o rock nacional não passa por uma boa fase...

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  2. Legal, gostei do contexto. Já morei em comunidades e sempre me questionava por que essas músicas de funk me doem o cérebro só de ouvir a palavra. Depois que me mudei, melhorei a mente e evolui. Mas isso foi na era dos dinossauros, agora com mais de 40 não largo rock por nada.
    Felicidades e parabéns ...

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