Nada mais foi como antes

É isso, um pouco de conforto e acostumar com o novo teclado. Nada mais... deixar as palavras fluírem através dos dedos. Acho que já perdi o jeito, não sei mais como lidar com as coisas que ocorrem na minha cabeça. Como se os dedos estivessem enferrujados e não importa mais a caneta que eu use. As palavras não vem. 
Houve um tempo em que escrever, para mim, era como praticar magia. Eu fechava os olhos e rapidamente tudo estava lá, dançando em minha mente e esperando por uma folha em branco. Era bom, me sentia capaz de transformar qualquer coisa em realidade. Hoje me sinto só. Vagando pelo vazio das notas não preenchidas e do silêncio que envolve a nuance dos meus próprios sentimentos. Eu poderia jurar que ninguém é capaz de me entender. Nem mesmo eu. 
É como se os dias se passassem todos iguais e eu vejo as pessoas tentando alcançar alguma coisa.. Traço planos cada vez mais complexos para percorrer e ter um motivo para simplesmente não desistir, mas de repente eu paro no meio do caminho somente para perceber o quanto é inútil. O vazio vem de dentro e não importa o que eu faça ele permanece lá, à espreita. 
Os anos se passam, as vezes me assusto quando olho para trás e se passaram 10 longos e tristes anos. Tudo mudou, e mudou várias vezes ao longo desse tempo, mas algo que permaneceu intacto é a ausência que sinto. Aquela sensação de que não importa quantas léguas eu caminhe, não importa quantos sonhos eu tenha ou quantos lugares eu veja... não importa quantas pessoas chegam ou quantas vão embora, a ausência... ela permanece e cada dia mais ela está ali no seu canto, silenciosa, tão quieta que incomoda. Depois de um tempo tudo se tornou parte dela. Tudo veio, tudo se foi... Nada mais foi como antes. 
Eu sinto falta de uma vida normal. E por normal eu penso apenas em acordar todos os dias sem o sentimento de que qualquer conquista poderia ser simplesmente substituída. Como se nada tivesse um valor real pra mim, mesmo eu sendo muito apegada a alguns detalhes. Eu poderia dizer que corri atrás do vento por um longo tempo e, quando eu o encontrei eu sinto que nada adiantou. Não era isso que eu queria. É sufocante a sensação que não há nada em sua vida que o faria ficar além da incerteza. Talvez se eu acreditasse mesmo em um reencontro... por um minuto que fosse, eu já teria ido e seria tão mais fácil. Mas a incerteza me faz continuar correndo atrás do... tempo... 
O tempo, ele não é intrigante? Ele passa e passa e ao mesmo tempo parece tão parado e quieto e sombrio. Acho o tempo sombrio, envolto em seus mistérios, incapaz de voltar, mas sempre tão perto. Talvez ele volte, quando não estamos olhando, para capturar os momentos e as lembranças que deixamos para trás e, vez por outra estão aqui, tão presentes como um suspirar...
Eu estou cansada, me sinto tão cansada o tempo todo. Tão frustrada. Tão vazia e sem emoções reais... eu não tenho mais ninguém por quem eu lutaria e eu estou cansada de viver uma vida de faz de conta em que está sempre tudo bem.. sempre à superfície, sempre tudo tão estupidamente no lugar. Eu consegui tudo, mas eu só tenho ausência... ausência e uma inquietante e barulhenta solidão em minha mente. Eu estou tão cansada...

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