O arco-íres tem sete cores...


As vezes é preciso apenas um acorde e de repente há um mundo de sonhos ao nosso redor. A música tem um poder muito peculiar sobre mim. Todas me remetem ao mesmo lugar, uma época em que fazia sentido. Quando ouço músicas que ouvia há 12, talvez 15, anos eu consigo me transportar para momentos exatos, com detalhes quase tangíveis de alguma lembrança que ainda persiste através do tempo. Quando ouço uma música nova eu me pego pensando, imaginando, tendo discussões intermináveis em meus pensamentos. Eu sei todas as músicas que se tornariam ícones e marcantes e todas as que seriam repudiadas, como se fosse ontem...

Há estudos que conseguem mostrar o quanto a música pode influencia emoções, mas comigo é diferente. É como se cada música tivesse sua própria voz e conseguisse me dizer algo diferente do que ela realmente diz e mais, um simples farfalhar consegue me levar há um lugar especial, um santuário que construí com tudo aquilo que insisto em manter. 

Hoje em dia estamos vivendo de uma forma que considero quase catastrófica.Quando foi a última vez que você parou para ouvir uma música? Apenas ouvir... Eu escuto música todos os dias. É impossível para mim viver sem música, mas confesso que tenho diminuído muito o hábito de só ouvir, vou empilhando canções na lista de reprodução e experimentando uma sensação parcial com cada uma delas, até que algo em mim me desperta e pede um tempo. Um tempo, seja de três minutos ou de nove minutos e três segundos. Um tempo para me conectar com meus sentimentos. É impressionante como tudo muda. As cores, o clima, os tons, os cinzas... o silêncio. 

As vezes dói. Imergir num caleidoscópio de lembranças e sentimentos tão íntimos e tão sinceros dói de uma forma inexplicável. As vezes a música é tão profunda que fica difícil respirar. As vezes é só poesia e são por esses momentos que vale a pena, quando o lirismo e a canção se mistura com o momento. Consigo sentir o cheiro das flores, ou o perfume... Consigo distinguir o brilho das estrelas, ou do olhar. São por esses momentos que vale a pena imergir em mim mesma e ir. Sabe-se lá para onde, ou quando, apenas ir sem rumo, sem querer voltar, me perder em mim mesma e reviver tudo aquilo que me mantém viva. 

Se eu pudesse apenas dizer, mas tudo já foi dito e agora só me resta sentir.

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