Boate - Não Faz Minha Cabeça

Esse final de semana, depois de alguma insistência do meu namorado, fui em uma boate e, sinceramente, não vejo como alguém pode gostar desse tipo de ambiente. Primeiro, aquelas músicas altas, sempre no mesmo ritmo, que não falam de nada, apenas permanecem em uma repetição monótona e chata com aqueles "tum tum tum" estressante. Não entendo!

Desde pequena eu aprendi que música deve nos transmitir algo. É essa sua finalidade, nos ser a expressão exata daquilo que sentimos e não vejo como gostar de músicas totalmente desconexas.
Aí me dizem: "Ah, mas você não curte eletrônico porque curte rock". Não! Se pegarmos a música eletrônica dos anos 70 / 80 vemos claramente a diferenças daquelas para essas. As músicas dessas décadas, mesmo somadas ao "batidão" tinham essência, falava de coisas com sentido e traziam uma harmonia legal entre os sons. Hoje tudo o que ouço é um plágio desenfreado, as mesmas notas, os mesmos acordes, em ordens diferentes.
Segundo, a quantidade de "crianças" fantasiadas de adultos nesse local é imensa. Meninas e meninos de 14 / 15 se vestindo e se comportando de maneira vulgar e escandalosa, fazendo tudo para chamar atenção. Fiquei me perguntando se a educação que meus pais me deram me tornou uma pessoa careta a ponto de criticar essas atitudes sobressalentes ou se realmente os valores primordiais estão invertidos. Não que eu ache que adolescente não tem o direito de se divertir, mas acredito que aquele não é lugar para essa idade. 
Me chamou a atenção o fato dessas "crianças" se vestirem, como se algo em seu interior estivesse gritando para ser mostrado, para ser tocado, desejado... assim, publicamente. Sem contar o fato de parecer existir um padrão de moda nesses locais: todas as meninas com saias ou vestidos hiper curtos, colados, mostrando suas formas e curvas (ou falta delas) com decotes acentuados e saltos altos. Todas elas desconsiderando o frio, que por sinal era acentuado, e usando maquiagem ao extremo, talvez para esconder sua idade ou, no mínimo, os sinais de fragilidade que com certeza existem sob toda aquela pintura. Cada uma se exibindo como pode, sendo alvo dos garotos (na maioria menor de idade também), sendo apalpadas de todas as formas, beijadas por vários meninos, sendo nada mais que um objeto de cobiça ou uma carne podre para um monte de urubus. 
E por último eu fiquei extremamente chateada ao ver todas aquelas pessoas expostas à drogas, de todos os tipos, liberadamente. Parece que isso não é mais um problema para a sociedade, como se de repente não ser usuário é ser careta e sem graça. A exposição precoce ao sexo, a liberdade, a intensidade de um relacionamento também é assustadora. Crianças brincando de ser adultos sem saber que podem estar comprometendo toda a sua juventude, todos os seus ideais por simplesmente querer aparecer em um momento.
Como eu não tenho "saco" para uma pista de dança, rapidinho me sentei no bar, pedi uma coca-cola e fiquei observando aquela massa se "divertir". Por duas vezes passou por mim duas meninas chorando em direção ao banheiro e fiquei ainda me perguntando o que poderia ter ocorrido e, mais tarde, soube que elas tinham recebido insultos de alguns garotos. Fiquei com pena, mas nada mais que isso. 
Enfim, quando eu era um pouco mais jovem e frequentava alguns lugares badalados, eu percebia que, mesmo em boates, ainda havia algum respeito, as pessoas resguardavam um pouco de si e não se expunham tanto ao ridículo dessa forma. Não havia essa infantilidade escondida em traços de modismo impostos pela sociedade.
É triste ver para onde caminha nossa humanidade. Perceber que os fatos e atos dominam a população, ninguém filtra suas atitudes incoerentes, antes, se tornam pessoas vulgarizadas, alienadas pela mídia e permanecem nessa corrente incautos, mesmo que no fundo, no mais íntimo de seu ser, essa mesma pessoa conhece bem o peso da solidão que, na maioria das vezes, é expressa em seus olhos. 

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