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Mostrando postagens de dezembro, 2010

Dor

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Não mais que de repente todos os sonhos se perdem todo o ar vai embora e o silêncio sufoca... As lágrimas turvam nos olhos apertados e esbaforiam-me no quarto quieto, não há como conter o desespero quando a saudade se transforma em dor e a dor não é mais que uma saudade, eterna.

Metade

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Eu perco o chão Eu não acho as palavras Eu ando tão triste Eu ando pela sala Eu perco a hora Eu chego no fim Eu deixo a porta aberta Eu não moro mais em mim... Eu perco as chaves de casa Eu perco o freio Estou em milhares de cacos Eu estou ao meio Onde será Que você está agora? (Adriana Calcanhoto)

Utopia

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O vento invade pela janela, junto com as notas das canções. Posso ouvir daqui o burburinho do movimento das pessoas e vejo o zigue-zague estonteante, com os mesmos rostos, caminhando na única rua, sem direção. Estou em meu quarto, aquele sórdido e vazio, em que num canto está assentada, sombria e vacilantemente, a solidão. Imagino a cena que já não faço parte, de repente as coisas mudam e o que sinto é o sentimento de repulsa por essas atitudes, sobrepondo o desejo de estar no meio daquelas pessoas. Eu queria me sentir alguém normal, que fecha os olhos para as circunstâncias e é capaz de se divertir, zombar da vida com sorrisos enferrujados nos lábios, mas não, essa não sou eu! E não conseguiria fingir sarcasticamente que seria isso que preencheria meu vazio. De repente, silêncio... Detenho-me por alguns minutos (ou seriam horas?) em meu livro, especialmente em uma frase “depois de desvendar uma ilusão de óptica, você nunca mais deixará de vê-la”. O impacto dessa frase é imediato e irr

Vaporização

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"Que metamorfose ! Minhas poucas gotas de alegria Tornaram-se nuvens de saudade." (Fabiana Mira)

Natal

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É véspera de Natal... eu vejo as crianças aguardando ansiosas, quase hipnotizadas, pela chegada do tal "Bom Velhinho". Vejo o sorriso estampado nas faces rosadas... Todos no mesmo clima de paz,  de harmonia... As pessoas se lembram de dar um "Bom Dia" com mais carinho se esforçam pela companhia do irmão e até trocam presentes... Hoje ninguém xinga os garotos que brincam na chuva nem os que correm entusiasmados pela casa, hoje se cala mais vezes em nome da comunhão com a família se empresta mais coisas se permite ficar "por último" na fila do banho... Hoje, todo mundo sacrifica alguma coisa em nome da alegria de estar junto todo mundo doa algo de si para o próximo todo mundo sorri mais vezes  canta mais canções... Hoje os asilos recebem mais visitas os hospitais mais doações as pessoas carentes tem mais chance de ter um almoço... Até os jardins estão mais floridos o verão mais quente e perfumado... as luzes mais encantadas. Que dia lindo é hoje! E amanhã, N

Medo

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Eu perdi o medo quando meus maiores medos se tornaram reais. Ainda busco uma resposta dentro de mim, mas o medo foi extinto. Ainda erro, mas não tenho mais medo de errar, ainda choro (muito), mas não tenho medo de chorar... Às vezes me sinto tão perdida que sinto a solidão agarrada em meu pescoço, me sufocando, e tudo o que eu consigo fazer é me aquietar, porque não tenho sequer forças para debater com ela, e quando fico lá, imóvel, ela afrouxa os dedos em volta da garganta e sai de fininho. Fico observando-a descer as escadas que leva à rua vazia e escura, enquanto os soluços invadem o quarto (de onde eles vieram?). Meus olhos se afogam, a mente se turva em um milhão de pensamentos então o vejo pulando sorrateiramente a minha janela, com um sorriso malicioso estampado na face. Quando a solidão vai embora, vencida pelo meu próprio sarcasmo, o desespero chega saltitando as entradas que não tive o senso de fechar. Ao contrário da solidão, o desespero me faz gritar

Adeus

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As lágrimas caem... O dia sangra as lembranças, pouco a pouco se embriagando da solidez do silêncio. O cheiro de nostalgia emana da terra efervescendo os cantos ermos da cidade deserta. Vozes obstinadas se turvam nos ecos e escombros perdidos delírios incultos nas memórias atordoadas... Não há mais beleza nessa estrada e os passos lentos se desviam pelos caminhos sórdidos. O vazio é predominante de palavras sem sentido deixando o cheiro de morte e o gosto lúgubre na garganta repetindo os murmúrios de letras tristes das mesmas canções. E é solidão o que fica quando os estrondos da tempestade avançam impetuosamente arrancando a leveza dos poemas. Não há mais harmonia entre ação e sentimento os vultos escuros liberam o medo que consome pesando o ar nos pulmões. Desvirtuo razões por momentos que não voltam enquanto as mãos tecem histórias incompletas páginas inteiras de rabiscos sem sentido com verdades incontidas e planos frustrados misturando todas as notas na sinfonia numa orquestra de

Horizontes

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Faz tanto tempo E não tanto tempo assim... Ainda posso sentir as estrelas brilhando em teu olhar Daquela maneira, quando você olhava para o horizonte E com rubor nas faces descobria-nos olhando na mesma direção. Eu posso procurar por mil caminhos Que jamais reencontrarei calor como do teu sorriso E como eu amava lhe ver sorrindo Perdia-me por segundos eternos em tão insondável doçura. O tempo não passava E passava tão rápido... Assim nessa contradição de pensamentos. Eu sinto as lembranças arrancarem a realidade de mim Quando fecho meus olhos para apreciar do teu abraço E imagino... Não mais que de repente, você surgindo Irradiando teu perfume pelos jardins adormecidos. Eu abro os olhos e vejo pela janela O dia nasce inconstante no tempo Faz frio aqui dentro Mas não sei dizer... Canções vazias espalhadas no vento Lá fora há silêncios que não ouso descrever E é só mais um momento Um vacilo do pensamento Que insiste em se alimentar da saudade de você. Eu abro

Invenções

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Trago meias verdades rabiscadas em papel perfumado, mas não adianta confessar crimes passados se as feridas teimam em permanecer nesse tempo que passa lento. Lá fora faz chuva, mas a tarde está quente. Histórias incompletas de meias verdades vividas e a outra metade que eu imaginei com palavras disfarçadas com sentimentos perdidos e com os sonhos desfeitos... Tudo num vazio constante num passado intrigante e já não sei se é esse tempo ou essa música, nem sei se é o perfume no vento ou uma vontade de fugir e refugiar em dores antigas... Relembrar já não faz sentido porque eu não consigo saber o que foi real e o que eu sonhei.